{encontros clandestinos}
foi naquela tarde morna que recebi a graça de mirar teus olhos de baobá. a princípio fiquei paralisada, estática você olhava pro céu sentia apenas o toque do tambor ancestral pulsar por cada fibra transe em forma de raiz e por um instante revivi todas as minhas vidas passadas e nos teus olhos baobá vi todas as tuas. saí do meu corpo: eu já não era eu, mas senão um buquê de espíritos e estradas estradas de mulheres e homens que perambulando descalços por centenas de milhares de estrelas contam histórias de caçadas e plantios habitamos naquele instante um mistério profundo - revelado por canto grave de mulher velha algo sobre a cor amarela do fim de tarde que ao enternecer nossa testa e nossos lábios traz a benção dos antepassados. admito que poderia ouvir teus contos por algumas vidas sentados, eu e ti, sob a sombra de um baobá aquele dos teus olhos. percorreríamos a trilha da sabedoria de mil flores azuis como nosso único e mais pleno destino. contudo, olho pra ti prisioneiro nesta