Postagens

Mostrando postagens de março, 2018

.caminologia.

se o sol brilha pela fresta da porta, se a vendedora de frutas ou o sapateiro sorriem, se a madeira queima lenta e espanta os mosquitos, se os tecidos coloridos ondulam pelo quarto no final da tarde, se sobe cheiro de tempero entre os vapores da panela ou da rua de trás se o trançado do cesto se desfaz, se surge uma palavra recém-nascida de uma estrela fugaz, se a estrada é longa e áspera aos 40 graus acima da linha do ecuador, se a humanidade está predestinada às caminhadas, e contudo, segue criando casas e sonhos cotidianos, sobre tudo pouco se sabe sobre a roda do tempo, só se vive um segundo sapiência existente é a do movimento circular que as mãos fazem no encontro das águas, para banhar e bendizer o corpo, os corpos que nunca deixam de se por em marcha, ao sul de sal à sol, semeando ciências, colhendo segredos, confiando em nada além do movimento das marés e no desgaste dos próprios pés: a.n.

...:hatemporal:...

eram das janelas, uma a uma, as luzes da cidade uma a uma, todas amarelas a não ser quando chovia, amarelos disfarçados de refração num espectro de azuis, dourados, vermelhos... o céu vermelho à noite se faz de denso, infinito mas ele não cobre o mundo inteiro: o mundo daqui sempre azul, mesmo quando toca o telefone entre-cortadas ligações o corpo traz pela mão o que ficou refratado na gota que escorreu pelo para-peito por 5 minutos, a casa desperta escuta os pingos reservados ao quintal e de tão poucos, se ouvem todos se serviu para matar a sede do rio é isso que conta, e não os dias de forte ou fraca correnteza: nesse instante até o sol se sente banal, porque às cinco da tarde, são as águas que fazem cantar o pardal. a.n.