~~~\/~~~/\~~~\/~~~/\~~~\/~~~

após demasiados silêncios nos cômodos,
a luz das 5 da manhã com ares marítimos
se torna a única certeza de claridade para os olhos e janelas da casa.

de olhos entreabertos, por segundos mínimos e sonolentos,
creo con todas las ganas
que em algum percurso onírico durante as horas passadas
eu tenha encontrado a chave da porta:
se fosse verdade, faria de tudo pra que não entrassem,
pra que eu não entrasse,
e antes de mais nada, num salto mortal alcançaria mercúrio.
não sendo possível evitar a entrada,
que pelo menos a trancassem na saída.

desperta, ao final dos primeiros instantes,
me vejo uma vez mais dentro da sala:
o sofá marrom,
as paredes amarelas num enjoo de calor ao meio-dia,
o banco que se desfaz à meia-noite.

dentro de 4 paredes
o corpo dócil, imbecil, débil
prefere - antes de queimar sofás asquerosos e bancos traiçoeiros -
acender a si mesmo buscando ascensão.
ar quente sobe, e lá do alto quando me penso livre,
descendo de poeira à cinza
de cinza ao grão de areia que pode ser visto em qualquer leito desidratado.
faz as mãos granuladas
os pés porosos,
a boca arenosa
os olhos empoeirados:

nos cantinhos das paredes as aranhas tecem suas teias,
passeiam pela noite e compartilham o mesmo café.
num ímpeto inesperado de empatia,
penso que talvez ao cair da tarde, com sorte e umidade,
encontremos algum acordo ou convenção que se aplique à nossa situação:

a vida nos cantos
a corda-bamba
a caça constante
busca e apreensão

a.n.

Comentários